O movimento politico organizado para conseguir nossa emancipação da Província de São Paulo, não teve origem em Curitiba, como querem fazer supor alguns escritores. A Câmara de Paranaguá é que cabe a liderança. Em suas relações com outras vilas a velha cidade apelava para a cooperação no sentido da criação da nova Província. A Câmara da Vila de Castro recebeu, datada de lº de junho de 1833, a seguinte mensagem: "Ilmos. Senhores Presidente e Vereadores da Câmara Municipal da Vila de Castro. Ilmos. Snrs. Sendo bem conhecida a dificuldade de recursos desta Comarca para a Capital da Província pela extensão de terreno que nos divide, e outros obstáculos não menos manifestos; esta Câmara querendo tomar medidas que melhorem o incomodo que sofrem os habitantes desta Comarca na obrigação de recorrerem à Capital, e não querendo todavia dirigir algum requerimento à Augusta Assemb1éia sem ir de acordo com as mais Câmaras da Comarca, leva ao conhecimento de VV.SS. o interesse geral resultante da desmembração da Capital a felicidade dos Povos que salta aos olhos de todos, e que nem por isso inabilita aquela e esta Província, quando obtida a mercê, de marchar com esplendor e grandeza igual as demais do Império. Esperamos ficar certos do parecer e coadjuvação de VV.SS. a semelhante respeito".
As insistentes solicitações junto ao Governo Imperial foram aos poucos vencendo as resistências opostas A emancipação, porém o que mais influiu segundo o Barão de Monte Alegre, foi a neutralidade dos moradores da 5ª Comarca durante a revolução de Sorocaba, em 1842. Nesse mesmo ano, em 14 de novembro, respondendo pedido de informação feito pelo Governador de São Paulo, a propósito do aviso expedido pela Secretaria de Estado dos Negócios do Império, os vereadores de Castro declararam que era geral a opinião dos habitantes do município de ser a Comarca elevada a categoria de Província, "salvo pequena exceção''.
Informaram ainda que sendo Castro a vila mais próxima da capital da Província, desta era distante cerca de 80 léguas e "bastantes dificuldades se tem encontrado na correspondência, não só desta Câmara com o Governo, mais empregadas em razão da longitude, além de outros obstáculos que no tempo das aguas qualquer ribeirão impede os andantes e próprios, quanto mais outros rios e lajeados caudalosos que são respeitados ao ponto que estejam cheios, tornando-se muito mais fácil, sendo a cidade de Curitiba elevada à Província, que apenas dista 30 léguas deste município, que e o mais longe dos municípios da Comarca".
Para a criação de governo autônomo devia a comarca preencher determinados requisitos, além dos alegados pelo Deputado paulista Carlos Carneiro de Campos, Visconde de Caravelas, em seu projeto de criação da nova Província. Em sua justificativa, Carneiro de Campos acentuava que a 5ª Comarca era confinante com repúblicas vizinhas, onde penetravam ideias nada conservadoras, as mesmas que já penetravam no Rio Grande do Sul.
A 5ª Comarca possuía já recursos econômicos suficientes para autogovernar se. A principal atividade em Castro consistia na compra de animais no Sul, empregando nisso "para mais de duzentos contos de réis". Da capital do Império vinham "fazendas secas e molhadas", no valor de cem contos de réis. Para Curitiba os castrenses vendiam "erva mate, gado, couro, queijos e traziam sal e molhados". A renda na criação local de animais girava em torno de cem contos de réis, mais ou menos.
Em outra sessão, no dla 28 de novembro de 1842, os Vereadores Antônio Jos6 de Maduretra e Souza, Francisco Rodrigues de Macedo, Luciano Francisco Gomes e Silva, Anthnlo Correia de Sampaio, Manoel Josc! Borges e Silva, Joao Batista Penteado, Jose Joaquim de Andrade e Silva, discutiram uma representaao dos habitantes deste municipio, dirigida a S. M. Imperial, em que se pedia a elevaCio da 5.a Comarca :\ categoria de Provincia. Concluiram que a representaCao fosse re- metida com oficio ao Imperador, por intermedio do Mi- nistro do Imlkrio 3S,
Vtu-los problemas que a CAmara da Vila de Castro enfrentava robusteciam as ideias emancipadoras. O pr6priO_Iap6 tinha sua parcela de reponsabilidade na formaCao dessas id6ias. As primeiras pontes que foram construidas sobre o rio eram localizadas pouco abaixo da atual ponte, mas nao tinham altura suficiente, de modo que, no perfodo das chuvas, corri fLS cheias do IiO, eram destiuidas. ponte, custando a obra ra reaver esse dinheiro Em 1831 houve retificaCao da a elevada soma de 178$880. Pa- da Capital da Provincta era dt- tfcil: a capltal arrecadava, de auxlliar. ma8 teimava muito antes As veze8 o povo se cottzava, como aconte- ceu em 1832, em subscrtCao voluntArla para a constru- Cao da Cadeia Publtca, que custou 58$600. A ponte s6 fot localtzada onde hoje se encontra, em 1844, quando - , ,J - ' -11.- ,1t. Toi orwo_ a comis8iu sentou o (ALI(l VIV- ' m presldlda por Emldio Leite dos Reis apre- orCamento de 4:992$000 para sua construção inteiramente de madeira, com oitocentos palmos de comprimento, com varanda e grade, vinte palmos de largura e assoalhada de planchoes.
A Câmara da Vila de Castro administrava as Freguesias de Ponta Grossa. Jaguariaiva , Guarapuava e o aldeamento dos índios dos campos de Palmas. O aldeamento de Palmas era dirigido em 1849 por José Joaquim Machado de Oliveira que oficiava a Câmara deplorando o descaso e falta de auxilio do Governo, devido em parte, A distância nos confins da 5ª Comarca.
Os parlamentares paulistas se opunham tenazmente a criação da Província do Paraná, prolongando-se os debates de 1843 a 1853, quando, em 29 de agosto era publicada a lei n.º 704, desmembrando o território paranaense do paulista. A instalação da Província se deu em 19 de dezembro de 1853, tendo sido nomeado seu primeiro Presidente o baiano Dr. Zacarias de Góes e Vasconcelos.
Os núcleos populacionais maiores da nova província eram: 1º) - Paranaguá, com 6.533 habitantes; 2º) - Castro, com 5.899 habitantes; 3º) _ Curitiba, com 5.819 habitantes; 4.º) _ Vila do Príncipe (Lapa), com 5.406 habitantes. As demais vilas eram de população inferior a cinco mil pessoas. Estes dados são de Romário Martins.
Com a criação da Província, constituído nosso primeiro governo autônomo, iniciou-se propriamente a organização politica das vilas e cidades.
Os Iapoenses - Oney Barbosa Borba
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