Pular para o conteúdo principal

Rua das Tropas

     As cidades comuns paranaenses criadas no século passado e situadas no eixo Norte-Sul, possuíam ruas conhecidas como das tropas e logradouros, transformados em bairros denominados Rondas, por uma decorrência da principal atividade paranaense de então, o troupeirismo, antes de serem construídas as estradas de ferro.

    Não eram denominações oficiais, oriundas de algum ato político-administrativo das câmaras. Foram apelidos surgidos na boca do povo, num gesto espontâneo de reconhecimento ao comercio intenso de tropas que desciam e subiam, no transporte de coisas para o sul e de animais para o Norte.

    O comercio com o litoral também era feito por tropas que transportavam couros, açúcar, lãs, café, algodão, mate, cera, mel, fumo, etc., produzidos no interior para voltar com sal, fazendas e outras mercadorias importadas.

    este meio de transporte perdurou até que foram substituídos pelos carroções que eram mais práticos quanto ao volume das mercadorias, até que chegou a vez destes, substituídos que foram pelos caminhões e vagões ferroviários.

    O pioneirismo no transporte, contudo, foi em lombo de muares. O tropeirismo desbravou nosso interior e manteve ligações entre núcleos populacionais dispersos por longínquas paragens. Aos tropeiros devemos a uniformidade da língua, a integridade de solo, a homogeneidade de hábitos e costumes de um período quem vem do Brasil-Colônia, atravessou o Primeiro e Segundo Império para terminar seu predomínio no início do Brasil-República.

    Esses nossos bravos ancestrais não tem mais suas ruas nas velhas cidades, nem seus locais de ronda da mulada arreada... Os lapeanos - honra lhes seja feita- prestaram-lhes a homenagem de um monumento; outros paranaenses, com poesias, crônicas e pinturas, recordam suas andanças, seus causos contados nos pousos, suas aventuras e brigas com assaltantes, pelas veredas leguentas do Brasil Meridional.

    A tradição popular ainda ponderável é, ao lado das obras literárias, museus e monumentos, um pilar da cultura que não deve jamais ser relegado.

    Muito difícil é encontrar-se um paranaense do interior que não conheça a rua das Tropas e a Ronda de sua cidade natal. E observe o prezado leitor este pormenor: nunca jamais existiu uma placa com o nome de rua das Tropas e ninguém ouviu falar em sinalização ou qualquer indicação para o via jante curioso saber onde fica a Ronda!

    Somente os álgidos não podem saborear a limpidez nostálgica do olhar que se move para indicar onde se situam os lugares berços de nossa formação nacional.

    As ruas, travessas, praças, bem como a numeração das casas das cidades do Paraná foram regulamentada em 5 de outubro de 1854, logo após a criação da Província.


Causos de Nossa Gente - Oney Barbosa Borba


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arthur Ehalt

Quando Arthur Ehalt nasceu em 5 de fevereiro de 1915, em Palmeira, Paraná, Brasil, seu pai, Germano Ehalt, tinha 35 anos e sua mãe, Sofia Margraf Ehalt, tinha 25 anos. Advogado. Ele teve pelo menos 1 filho com Emerenciana de Moura Vasconcellos. Ele faleceu em 12 de dezembro de 1998, em Castro, Paraná, Brasil, com 83 anos, e foi sepultado em Castro, Paraná, Brasil.

Dacio Leonel de Quadros

Formou-se bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná e abriu seu escritório de advocacia no interior do Paraná. Atuou como radialista, destacando-se como narrador esportivo. Foi eleito melhor locutor esportivo do Paraná em 1958. Foi eleito para cargos públicos, como vereador e deputado, desempenhando cargos importantes na gestão pública, como Vice-chefe da Casa Civil e Diretor Administrativo Financeiro da Fundação Rádio e Televisão do Paraná. Residiu em Curitiba de 1974 até o fim de sua vida e é reconhecido como um dos mais precisos narradores de futebol do rádio paranaense.  Em 1954 mudou-se para Curitiba, sendo contratado pela Rádio Marumby, época em que foi eleito pela Associação Paranaense de Rádio e por representantes das emissoras de Curitiba, como o melhor locutor esportivo do Estado. Em Curitiba, trabalhou também nas rádios Curitibana, Emissora Paranaense e Cultura. Casou-se em 30 de maio de 1959 com Alaíde Grácia, que atuava como radioatriz na PRB2, Rádio Club...

Oney Barbosa Borba

       Oney Barbosa Borba. Advogado, jornalista, escritor, e pesquisador iapoense.      Nascido em 20 de dezembro de 1915, em Ponta Grossa. Desde a sua juventude militando em questões políticas a favor do povo, foi até preso, que segundo seus próprios relatos, era ainda menor de idade, por participar ativamente de movimentos estudantis contra a ditadura eminente na época, foi recolhido para a penitenciaria de Ahú, em Curitiba. Por ainda não ter maioridade foi transferido para o quartel do Corpo de Bombeiros, onde desde os primeiros momentos se prestou a aprender os exercícios e atividades dos “Homens do fogo”, que posteriormente serviria para seu objetivo principal, escapulir dali.       Bem num dia das crianças, Oney consegue fugir por uma janela, e caindo de vários metros de altura protegido apenas por um paletó corta vento grosso que tinha jogado não chão, onde pousou e saiu em liberdade. Bem nem tanto, a partir daí teve que vive...